Os cursistas da Especialização em Educação na Cultura Digital, da Universidade Federal de Santa Catarina, Angelita A. Vieira, Joselaine S. Mafra, Adriana C. da Silva, Onoél Neves, Adriana C. dos Santos, Janderson Ramos, Julyanna Petry e Cristiano K. Ito, construiram o Retrato da Escola na Cultura Digital, em um dos trabalhos propostos pela entidade em cumprimento ao conteúdo programático. Neste trabalho, foi mostrado o perfil da escola em relação ao atual conceito de Cultura Digital na intenção de mudanças de metodologias e conceitos inerentes ao ensino aprendizagem com o uso de ferramentas tecnológicas.
Objetivos
Analisar o fazer pedagógico
da escola que neste momento está inserida em um contexto da Cultura Digital,
procurando articular e fortalecer o uso das TDIC (Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação) como eficiente ferramenta no
processo de ensino aprendizagem.
Proporcionar e mediar espaços e momentos de
aprendizagem significativa utilizando diferentes recursos tecnológicos.
Potencializar a autonomia do
aluno, melhorando a qualidade do ensino e da vida de todo o contexto escolar.
A
escola
A
Escola Básica Professora Inês Cristofolini de Freitas é uma escola de pequeno
porte. Possui atualmente em torno de 240 alunos. Estes, fazem parte da
comunidade do Loteamento São Pedro – Itaipava – Itajaí, localizada na parte
mais baixa do bairro e sujeita a alagamentos e, por conseguinte, sujeita também
a perdas de equipamentos quando ocorrem chuvas fortes. A escola possui 6 salas
de aula, 1 laboratório de informática, 1 sala de vídeo, entre outras
dependências.
Quanto
aos equipamentos, a escola possui 13 terminais de computador, 1 lousa digital,
2 datashow, 3 roteadores, 1 antena de
internet social, 1 câmera digital, 1 vídeo filmadora e 1 videogame Xbox 360. Muitos destes equipamentos são usados pela
Educação Integral (Mais Educação).
Cultura
e Cultura Digital
“No sentido sociológico ou filosófico – o que
mais nos interessa nesse momento – cultura nomeia sempre um conjunto de
pensamentos, posicionamentos, crenças, costumes, símbolos e práticas sociais de
um determinado grupo, em um determinado espaço e tempo” (ALMEIDA & VALENTE,
2014).
Cultura é
tudo aquilo que envolve conhecimento, arte, crenças, hábitos, costumes
adquiridos pelo homem não somente em família, como também por fazer parte de
uma sociedade como membro dela que é.
Cultura
digital não está somente ligado ao uso das tecnologias, mas também como o homem
usa desse conhecimento para melhorar seu cotidiano, a sua vida, o seu trabalho.
É uma união importante da cultura (o que se sabe, conhecimento adquirido) com o
digital (toda e qualquer tecnologia). Hoje está em toda a parte, muitas vezes
nem percebemos e ela está lá: na sinaleira de um cruzamento, nas ligações
telefônicas, isso mudou completamente a forma de pensar e agir.
Retomando
a ideia inicial da definição do que é cultura, percebe-se que ela está em
constante alteração, não é estática. Desta forma, cultura digital pode ser
encarada como um momento de nossa história, onde se faz presente, muito mais do
que há quinze ou vinte anos atrás, tecnologias digitais, como o uso massivo dos
smartphones, das redes sociais, da internet como um todo e até mesmo a
forma como se faz as propagandas, utilizando outdoors digitais.
Por essa
razão, torna-se realmente imperioso um esforço de também incluir a comunidade
escolar, desde o corpo docente ao discente, na cultura digital. Acreditamos ser
uma tarefa que demandará bastante critério e esforço de todos para que tenhamos
resultados positivos, pois as tecnologias e mídias estão surgindo e tornando-se
obsoletas com uma velocidade incrível e a questão de adaptação e readaptação
também tem de acompanhar todo o processo evolutivo.
A
Infância e a Juventude Contemporâneas na Cultura Digital
Atualmente, as TDIC tem sido usadas como era com a
televisão, o rádio e a fotografia: somente como sendo apenas uma ferramenta a
mais à disposição dos professores e, desta forma, subutilizada. As crianças e
jovens utilizam as TDIC como meio de lazer e entretenimento, sendo que sua
abrangência é muito maior. O computador, por exemplo, pode ser comparado como a
ligação do cérebro humano à informação, pois esta é facilmente acessível pelo
computador, conectado à internet, um vasto repositório de informações.
O
Papel da Escola na Cultura Digital e a Relação Entre as TDIC e a Cultura
Digital
O papel
da escola na cultura digital é o de ser a mediadora do uso das TDIC e por vezes
ser a geradora de informações, bem como a difusora de conhecimento. Entretanto,
isso deve ser feito com sabedoria para dosar esse processo, de forma a filtrar
as TDIC voltadas ao cunho pedagógico e permitir uma pluralidade do saber a toda
comunidade, isto é, fazer com que todos acabem formando uma comunidade do
conhecimento. E culturalmente, as TDIC estão intimamente relacionadas com a
cultura digital, pois sem elas talvez nem existisse uma cultura digital tão
presente nos dias de hoje. Apesar de existir uma controvérsia em se tratando da
evolução da cultura digital, onde uns creditam o surgimento dela à evolução das
tecnologias digitais e outros que defendem que as tecnologias surgiram da
cultura digital. De qualquer forma, fato é que as TDIC provocaram uma revolução
não só no contexto escolar, mas também na sociedade como um todo.
Citando alguns exemplos de
utilização de TDIC, temos o caso do blog. O blog da escola foi criado em 2011
com o objetivo de divulgar as atividades desenvolvidas na escola.
As atividades postadas são de
metodologias usadas em processos de ensino aprendizagem, atividades
socioculturais onde a família participa ou ainda projetos dos quais a escola
desenvolve. Quem posta no blog é o instrutor de informática. O material é
previamente selecionado pelo supervisor pedagógico, quando os trabalhos são
referentes a aprendizagens realmente significativas e são importantes para toda
a comunidade escolar. Os professores podem se inspirar em trabalhos de colegas
que resultaram em experiências exitosas. O trabalho divulgado também é um
registro importante para o professor que o realizou. Os pais também podem
acompanhar virtualmente as atividades que os filhos fizeram na escola, como
também o público em geral pode conhecer a qualidade das atividades
desenvolvidas. A Secretaria de Educação também acompanha pelo blog a vida da escola,
inclusive dos eventos que ela promove.
Só para mencionar uma
postagem feita no blog, citamos o caso de uma atividade de geografia. É importante que o professor utilize
ferramentas que possam auxiliar seus alunos no processo de compreensão dos
conteúdos com propostas que visam despertar o interesse no sentido de estimular
os educandos na construção do conhecimento científico.
Desta forma, com o objetivo de facilitar a
compreensão do funcionamento da estrutura interna da Terra e o significado ou a
importância do estudo dessa temática na disciplina de Geografia, foi realizada
uma atividade com a turma do 6º ano da Escola Básica Profª Inês Cristofolini de
Freitas, que consistia na confecção de
maquetes de vulcões, bem como das camadas internas da Terra. Neste caso, tratou-se
de uma proposta metodológica dinâmica com um caráter extremamente atrativo, ou
seja, onde o aluno aprende de maneira simples, e muitas vezes sem perceber que
está estudando, construindo seu conhecimento.
Pontuando agora no âmbito da
alfabetização, os professores tem realizado atividades com os alunos no
laboratório de informática utilizando ferramentas tanto online como off-line, nos
terminais. Dentre as ferramentas mais popularmente utilizadas pelas professoras
dos anos iniciais está o sítio da internet:
Neste sítio encontram-se
várias atividades que podem ser aplicadas às crianças. Como exemplo, citamos o
caso do 4º ano, onde, em virtude da necessidade dos alunos precisarem de
reforços na disciplina de matemática, a professora proporcionou atividades com
a utilização do site "inicial exercícios" no laboratório de informática
da escola. As imagens abaixo formam o registro de tal momento.
No caso dos anos finais, o
professor de história procedeu a elaboração de um jornal da Revolução Francesa com os alunos
do 8º ano. O principal objetivo do jornal é informar o leitor sobre os
acontecimentos cotidianos. Pensando que o jornal na época da revolução Francesa
foi um grande vinculo de informação para o povo de Paris.
Os passos para elaboração do
jornal foram:
1.
Formaram-se
grupos de 3 a 4 integrantes;
2.
Pesquisaram
na internet informações sobre a Revolução Francesa;
3.
Selecionaram
os acontecimentos mais relevantes e feito o registrado no caderno;
4.
Definiram-se
as posições políticas de cada jornal;
5.
Inventaram
jornalistas que vivenciaram os principais acontecimentos da Revolução Francesa:
por exemplo, um que estava presente na queda da Bastilha (início da revolução)
em 1789; outro que fez parte da Assembleia Constituinte 1789, o Período do
Terror entre outros.
6.
Cada
grupo decidiu as seções que fariam parte do jornal e escreveram algumas
notícias sobre a Revolução Francesa no laboratório de informática.
7.
Ao
finalizar a edição do jornal no laboratório de informática, os grupos leram e
discutiram as posições políticas defendidas por cada um deles.
Considerações
finais
As TDIC tem sido usadas na escola como era com a
televisão, o rádio e a fotografia: somente como sendo apenas uma ferramenta a
mais, ou seja, de repasse e repetição de informações. Nossa proposta a partir
deste momento, onde parte do grupo docente está participando de um curso de Especialização
e m Cultura Digital é estabelecer um outro tipo de relação entre as
informações, favorecendo a aprendizagem de forma mais consistente, pois
propiciará cooperação mútua na construção do conhecimento, primeiro passo para
que este pequeno grupo mobilize a todos, pois sabe-se que as teorias de
aprendizagem construtivistas e sociointeracionistas fundamentam bem a função
das TDIC no processo de ensinoaprendizagem, uma vez que possibilitam a
construção do saber através de práticas coletivas onde todos contribuem em prol
do grupo, socializando os saberes. Esta nova realidade e entendimento sobre
Cultura Digital que estamos construindo na escola nos permite romper com o
tradicional, criar novos tempos e novos espaços dentro do ambiente escolar,
pois ela dá abertura para que todos coloquem o que querem realmente aprender,
onde todos poderão contribuir para uma evolução coletiva.